O desenvolvimento de um novo airbag para o ID.3, que abre entre os dois bancos da frente, foi inicialmente desenvolvido de forma totalmente virtual num computador. Como é que isto funcionou e como é que um supercomputador pré-calculou simulações de colisão? Ernst Glas, responsável pelos cálculos de segurança do automóvel explica como foi possível.
Em que altura se apercebeu que a mobilidade elétrica para todos se estava a tornar uma realidade?
Durante o projeto, apercebi-me que seria possível ultrapassar o enorme obstáculo de conseguir um preço aceitável com a autonomia necessária. Ao mesmo tempo, este tornou-se um assunto muito presente em social media e nos outros media. Assim, a necessidade de uma transformação tecnológica tornou-se ainda mais premente e o mais tardar, nesse momento, ficou claro para mim que estamos a ir no caminho certo com o ID.3.
Qual foi o maior desafio que teve de enfrentar durante todo o processo do projeto?
Imagine o seguinte: no ID.3 temos uma plataforma rígida, um chassi conhecido como MEB (plataforma modular elétrica) com uma bateria no seu centro. Não se trata apenas de uma bateria e de um motor elétrico que se encontra instalado por baixo do chassi. O departamento de "segurança automóvel" tem de trabalhar com os seus colegas do design da carroçaria, para encontrar soluções que tornam possível esta arquitetura revolucionária do automóvel. Os componentes específicos para automóveis elétricos, tais como a bateria de alta tensão e os cabos de alta tensão têm de ser bem protegidos no caso de um acidente, pois a ocorrência de danos em caso de acidente é absolutamente inaceitável.
Para além disso, o airbag central foi uma tecnologia nova para nós. Este airbag é
também relativamente novo no mundo automóvel e previne que a cabeça do condutor e
do passageiro da frente colidam, por exemplo, em caso de capotamento do ID.3. A
necessidade desta funcionalidade de segurança, surgiu de forma relativamente
espontânea e em cima da hora. E, não tínhamos qualquer tecnologia ou
desenvolvimento em que nos pudéssemos basear. Assim ultrapassámos todas as
dificuldades durante a simulação e os testes; e acabámos por encontrar uma solução
muito boa, da qual nos todos orgulhamos. Esta tecnologia torna o ID.3 ainda mais
seguro do que já era.
"Os automóveis, como os que pertencem à família ID., estão a forçar uma mudança da tecnologia que é necessária com urgência. Fazer parte dessa mudança é uma boa sensação."
Ernst Glas
Simulação da segurança automóvel
Em detalhe, qual é a tecnologia que considera mais fascinante no novo ID.3?
Pessoalmente estou fascinado pela condução elétrica e ao mesmo tempo, por poder percorrer longas distâncias. Estou também muito motivado pela ideia de gerar energia através de painéis fotovoltaicos colocados no telhado da casa e assim conduzir com zero emissões. Estou ansioso por receber o meu primeiro ID.3!
O que mais o inspirou no desenvolvimento da família ID.?
A família ID. e o ID.3 fazem parte de um território tecnológico totalmente novo para todos nós. Para mim, a questão foi, se seriamos capazes de desenvolver, ao mesmo tempo, um automóvel que fosse acessível e atraente para muitas pessoas. Claro que também nos questionámos: Como construímos um automóvel elétrico seguro para o mercado? Tudo isto envolveu muitos desafios novos. Foi, e ainda é, um prazer, dar soluções para estas questões.
O que retira pessoalmente deste projeto?
As exigências deste projeto foram verdadeiramente enormes, mas fomos bem-sucedidos, devido a um enorme esforço em conjunto. Este projeto deu-nos a todos a coragem para nos aventurarmos em novos territórios e encarar desafios, mesmo se esses parecem insuperáveis, no início. Uma coisa está diretamente relacionada com este trabalho de desenvolvimento bem-sucedido: nós temos de mudar a nossa energia e o nosso ciclo de utilização de materiais, a nível mundial. Este projeto confere-me a confiança de que conseguimos alcançá-lo.
Quais são as vantagens visíveis resultantes das soluções de simulação digital, tais como os pré-cálculos de uma colisão?
As exigências postas num automóvel de hoje, referem-se geralmente e especificamente à segurança do automóvel e são tão complexas que só podem ser cumpridas com o auxílio de simulações. Apenas as simulações podem analisar a função com a profundidade necessária. Por exemplo, as simulações determinam independentemente a forma ótima de um componente. Os supercomputadores (optimizadores de topologia), podem encontrar um resultado altamente otimizado no que diz respeito à moldagem da forma das embaladeiras, num período de alguns dias, ao especificar condições limite, tais como a espessura do material ou da chapa de determinadas áreas. De forma a que a bateria esteja protegida, a carroçaria e o chassi podem absorver o máximo de energia possível, de forma a que os ocupantes estejam o mais seguros possível. Para além disso, este método pode ser utilizado para eliminar muito peso do automóvel, especialmente das embaladeiras, porque constituem um componente muito grande e por isso necessitam de muito material. As oportunidades decorrentes das simulações, são em si, um grande avanço. As simulações tornaram-se indispensáveis. E continuamos a trabalhar de forma a ultrapassar cada desafio tecnológico com as mesmas.