Quase 50% da aparência global de um automóvel é definida pelas suas jantes. Além disso, as cores têm uma influência totalmente diferente sobre um design de jantes diferente. Matthias Valencia, corresponsável pelo design das jantes do ID.3, explica porquê e como o design do automóvel é importante para a sua eficiência.
O que mais o inspirou no desenvolvimento da família ID.?
A família ID., em termos gerais, e o ID.3, em particular, terão um enorme impacto sobre a presença da marca! Porque todos estes automóveis puramente elétricos têm o seu design único. Foi muito interessante ver como estas formas e linhas se desenvolveram, desde os primeiros desenhos, até ao modelo à escala 1:1. Ao longo do tempo, integrámos vários designs de jantes, nesta nova linguagem de design, o que confere expressão e idealmente destaque ao ID.3. Todavia, os automóveis deviam ser imediatamente reconhecidos como "típicos Volkswagen", lógicos, puros, sensuais, com atenção ao detalhe e à sofisticação tecnológica. Eu gosto particularmente do nosso "aero look", jantes derivadas das jantes do ID.R, o carro de corrida elétrico.
Em que altura se apercebeu que a mobilidade elétrica para todos se estava a tornar uma realidade?
A seriedade e o elevado empenho que a Volkswagen está a por no desenvolvimento e venda, bem como o elevado número de automóveis de produção puramente elétricos que todo o Grupo está a colocar na estrada e que nós estamos a preparar, mostram que os automóveis elétricos já não são um produto de nicho, mas vão em breve banalizar-se na nossa sociedade. Para além disso, a resposta dos nossos colegas da China, torna claro que estamos no caminho certo.
"As jantes são os sapatos dos automóveis. Nós desenvolvemos o design do automóvel com base nas jantes, da mesma forma que usamos sapatos para alterar o aspeto da nossa roupa."
Matthias Valencia
Design e desenvolvimento de jantes Volkswagen Design
Em detalhe, qual é a tecnologia que considera mais fascinante no novo ID.3?
Em termos pessoas, estou ansioso por experimentar os faróis IQ.Light, porque, pela primeira vez na história da Volkswagen, estes interagem de forma inteligente com o seu ambiente e também com as pessoas. Para não falar nas jantes aero, que estão altamente otimizadas para um baixo quociente de penetração no ar.
Qual foi o maior desafio que teve de enfrentar durante todo o processo do projeto?
O maior desfio para a nossa equipa foram as especificações aerodinâmicas que tivemos de respeitar. Estas são muito importantes para a eficiência do automóvel num todo e um fator crítico para a autonomia. A cooperação próxima entre o departamento de desenvolvimento técnico, o túnel de vento e nós, os designers, nunca foi tão intensa. Ao contrário da maioria das equipas de design, acompanhámos as jantes desde o desenho até à produção. Isto significa que também tratamos do processo de viabilidade ou seja, a análise de viabilidade. Isto permite-nos garantir que o design, está de acordo com os nossos elevados padrões, incluindo a produção feita pelo fornecedor. Outro aspeto especial do processo de desenvolvimento consiste no calculo da resistência e do aerodinamismo, durante a fase de design. Esta é para nós a única forma de apresentar designs realistas. Tal também acelera o processo de desenvolvimento e previne a necessidade de apresentações adicionais.
O que retira pessoalmente deste projeto?
A família ID. marca em todos os sentidos o início de uma nova era. Desde o ID.3 temos tido um enquadramento inteiramente novo e um nível de cooperação inteiramente novo entre os diferentes departamentos. Implementámos novos processos que requerem uma coordenação mais próxima entre o Marketing e as Vendas, com a linha de produtos, o desenvolvimento técnico e o design. Uma alteração tão abrangente tem um impacto duradouro, não só porque ficámos a conhecer muitas pessoas novas e interessante na nossa própria empresa. Fiquei surpreendido que por causa dos objetivos exigentes, no que diz respeito ao aerodinamismo e ao peso, por exemplo, até mesmo a pintura parece diferente. A grande superfície das jantes aero, causa nas cores um efeito totalmente diferente, que causaria em jantes sem otimização aerodinâmica. Tal deu origem ao desejo do nosso responsável pelo design, Klaus Bischoff, de ter uma cor adicional: as jantes de 20 polegadas em preto, polida a diamante. Uma espécie de escolha do "Chefe".
Fale-nos de si e do seu trabalho na Volkswagen. É verdade que o design das jantes representa aproximadamente 50% do design total de um automóvel? E se sim, porquê?
O rácio entre o design do chassi e das jantes é atualmente 70:30. Este cálculo é subjetivo e resulta de diversos fatores: por um lado é determinado pelo ratio da área total da vista lateral do automóvel. Neste caso, as jantes representam uma área aproximada de 30%. Por outro lado, as jantes conferem ao automóvel um caráter individual desejado: desportivo, elegante, tecnológico e por aí fora. No entanto a perceção subjetiva do design das jantes aumenta para quase metade, em alguns automóveis. Isto também é verdade. As jantes são os sapatos dos automóveis: tal como altera o seu estilo através dos seus sapatos. O ID.3 tem jantes muito grandes, de 18 a 20 polegadas. O efeito é, por vezes, mesmo maior devido à enorme área de superfície, de toda a gama de jantes. As jantes têm um impacto ainda mais poderoso sobre a aparência do automóvel.